WESKATE360º

“O skate é minha vida. Acho que se não fosse o skate nada que eu tenho hoje teria sido conquistado ”
Jéssica Alvarenga, 16 anos
“Conhecei o skate na escola, eu via meus amigos andando, mas eles não me deixavam andar, então eu resolvi comprar um para mim. ” Aos 13 anos Jéssica ganhava de seu pai seu primeiro skate e foi também quando correu sua primeira competição. Foi ele que sempre a incentivou a seguir essa paixão. Ela, dentre os 3 irmãos, foi a única que se interessou pelo esporte. Hoje com patrocínio de diversas lojas de roupas, tênis e de equipamentos para o skate, Jéssica não precisa mais depender tanto da família, mas ela conta que no início, foi este apoio dentro de casa que fez toda a diferença.
Ela aprendeu a andar sozinha, vendo a galera andar, perguntando como fazer as manobras. Foi caindo e levantando, e Jéssica conta que isso faz parte do skate “Não importa o lugar, se alguém que está começando a andar e cai, ninguém vai rir. Se tiverem crianças querendo aprender, todos vão ajudar. Acho que isso é uma coisa do skate, a união.”
Jéssica sempre esteve no meio dos meninos e no esporte não foi diferente. O skate feminino ainda é muito menor em comparação ao skate masculino. Simplesmente por ser menina, Jéssica sente o preconceito nas pistas “Muitos meninos desvalorizam as meninas só por serem meninas. Em geral a aceitação é grande, mas ainda existe muita discriminação. ” Por já ter corrido em muitos campeonatos, Jéssica conta que a discriminação acontece também dentro destes eventos e isso desincentiva muitas meninas que tem vontade de competir “A maioria dos juízes são homens, então eles acabam julgando a competidora por conta da sua aparência. Eu particularmente sei mais disso porque já fui muito julgada pelo meu estilo."
O comentário de Jéssica nos serve de alerta e nos faz pensar na sociedade machista na qual estamos inseridos. Muitos não conseguem enxergar as meninas pela sua capacidade, talento e desenvoltura, e acabam julgando pelos motivos errados: a beleza. Mas as meninas são muito mais que isso. Quando perguntada sobre suas inspirações Jéssica conta “Quando eu comecei mesmo, a inspiração foi o Tiago Lemos e o Luan de Oliveira. Quando descobri que existiam meninas extremamente boas na cena do skate, como a brasileira Leticia Bufoni e a americana Lacey Baker, elas se tornaram minha maior inspiração.”
Jéssica costuma andar por Campinas no parque ecológico da Vila União, na Praça das Águas, mas sempre vai para cidades vizinhas como Sumaré, Hortolândia e também a bigcity São Paulo. Ela conta que em cidades menores, às vezes a infraestrutura é muito maior das que ela encontra aqui na cidade de Campinas, pois aqui falta investimento. “Por exemplo, apesar de Indaiatuba ser menor que Campinas, lá tem uma pista muito melhor das que encontramos aqui. A gente acaba saindo de cidade grande para andar em cidade pequena. E isso não faz muito sentido”
Atualmente a jovem skatista cursa o segundo colegial e anda de skate todos os finais de semana. Jéssica sonha com um esporte mais igualitário e mais valorizado e conta que, independente do que o futura a reserva, o skate sempre estará em sua vida. “Ser profissional, esse é o sonho de todo mundo né. Mas pelo skate ser tão desvalorizado, poucos acreditam. Independentemente disso, eu não deixo de andar, fazer minha parte, filmar e divulgar e o que vier, é lucro.”
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Créditos: Beatriz Meirelles