A campineira Leticia já está na faculdade e também trabalha. Mas sempre arruma um tempinho entre as aulas de química e os compromissos do dia a dia para fazer o que mais ama: andar de skate. Já são três anos apaixonada pelo esporte, que surgiu em sua vida por incentivo do irmão mais novo, Breno, de 16 anos.

 

Por ser menina, seus pais tinham receio de que ela entrasse no esporte, então foi quando começou a trabalhar que ela mesma comprou seu primeiro skate. O discurso que sempre permeou em sua casa foi o de que seu irmão era homem então não tinha problema ele chegar em casa todo roxo e machucado por causa do esporte. Mas Leticia é uma menina. É diferente. Como vai usar um vestido se estiver com o joelho ralado? Mas Leticia nunca concordou com isso (que bom!).

 

Ela corre apenas por prazer e nem pensa em seguir o esporte como carreira. Leticia conta que é muito difícil haver desunião entre as meninas principalmente por elas serão em menor quantidade. Muitas amizades foram feitas nas pistas de skate. Elas se encontram em diversas cidades para andar. “Eu acho que hoje em dia o skate feminino está muito grande perto do que era antes. Entre as meninas existe muita parceria.”

 

Em Campinas, a universitária costuma andar na Vila União, na Skate Nation (uma pista coberta para os dias chuvosos) e na Praça das Águas, mas quando o assunto é skate ela não tem limites, sempre vai em cidades vizinhas como Louveira e Vinhedo. Leticia sempre viu nas pistas e também fora delas o preconceito em torno das meninas no esporte “O skate ainda é mal visto. Melhorou muito, mas ainda existe preconceito. Ainda mais você sendo menina. Na cabeça de pessoas, skate é coisa de moleque.” Quanto à organização das competições femininas, Leticia vê o descaso “Para as meninas parece que é sempre sobra da premiação dos meninos. Mas a gente não quer se contentar com pouco.”

 

E quando perguntado sobre o que o skate significa para ela, Leticia não hesita “É como eu escolhi viver, e uma vez que você é skatista, você é sempre skatista.”